O silêncio era ensurdecedor.

Ele entrava e limpava meus tímpanos
Como quem encera um chão branco
Com esmero e prontidão.

Parei.
Escutei de novo.

Era alto.
Era forte.
Uma mistura de mudez e barulho,
Inquietude e calmaria,
Mansidão e gritaria.

Olhei ao longe.
Nada se via.

O silêncio mais parecia uma zoada intensa,
Um atropelo sutil,
Um estrondo vazio.

Água fria na cabeça
Em dia quente ensolarado,
Vinho quente descendo queimando tudo,
Quase tragado

Não vai embora,
Silêncio, fica
Respiro fundo,
Não quero que vá.

Pedi, eu pedi
Eu pedi pra você vir.

Só ouço meu ar,
Meu pensamento
Zunindo aqui dentro

Ouço barulhos lá fora
Nada é maior que o silêncio
Alto, forte, impávido
Branco, negro, furta-cor
Preenche tudo

Olho os balanços
Silêncio
Nada adianta
O silêncio é dentro
O barulho também
Convivem juntos
Como é possível?

Te deixo entrar
Te dou boas-vindas
Te convidei,
Não te reclamo
Serei grata em breve
É certeza sagrada

Só me espere
Meu barulho demora
A abrandar
Aí então você fica
E não mais te espanto
Quiçá me encanto
De te encontrar.

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